Como comecei no mundo do Machine Learning e Inteligência Articial?
Ano passado participei do AWS Re-Invent, evento de TI da Amazon para quem é geek. Aprendi muita coisa legal sobre IOT (Internet of Things), Instâncias EC2 (hoje hospedo todos os meus sites nele, com excessão desse blog que esta na Siteground) e sobre Machine Learning (nome dado pela Amazon para seu serviço de Inteligência Articial). Esse último é o que vou falar mais nesse post. Na AWS Re-Invent tive oportunidade de assistir uma oficina muito boa com um caso real de utilização de Machine Learning. Depois disso fiquei muito interessado pelo assunto e aprendi que o Google também utiliza bastante em algo que chama “Google RankBrain“.
O Google lançou em Outubro do ano passado o que é agora conhecido como sendo sua primeira utilização de inteligência articial (IA) no seu algoritmo que ordena os resultados das pesquisas. Embora tenha se passado quase um ano do lançamento, muito pouco ainda se sabe oficialmente através do Google. Muita gente foi deixada no escuro. O que é exatamente? Que tipo de sinais o RankBrain rastreia para ordenar os resultados dos sites em seu mecânismo de busca? É tudo automatizado usando IA no Google e os engenheiros não precisam mais fazer nada?
Como sempre, existem muitos mitos rodando pela internet, então vou tentar separar o que é fato de ficcão nesse post.
O que é RankBrain?
Simplisticamente, RankBrain é um algoritmo que ajuda o Google descomplicar e entender melhor pesquisas de consultas complexas. Você talvez possa dizer que tudo o que o RankBrain faz é traduzir pesquisas de consulta da linguagem “Humanês” para “Buscadês” ou seja a lingua que facilita o Google processar dados.
Por exemplo:
1 – Pesquisa original = “Quebra-Cabeça Passatempo”
2 – Pesquisa traduzida = “Quebra-cabeça? Palavra cruzada (Revista Passatempo)”.
Se você percebeu, na pesquisa traduzida, a palavra “palavra cruzada” e “revista” são adicionadas à consulta. Isso é a maravilha da inteligência articial do RankBrain. Ele utiliza inteligência artificial (machine learning) para encontrar o significado correto e o contexto atrás de palavras ambíguas. Nesse exemplo, o RankBrain supõe que a palavra “Quebra-Cabeça” nesse contexto significa “Quebra cadeça de palavra cruzada”. Essa conclusão é feita através do entendimento que “Passatempo” é uma revista popular que tem quebra-cabeças populares de palavra cruzada.
O que nos leva para o próximo quesito. Como o RankBrain “entende” isso? Uma outra grande característica do RankBrain é que ele utiliza um profundo processo de aprendizado (Machine Learning), com finalidade de sintetizar novas informações adicionais às existentes e encontrar similaridades em consultas formuladas de forma diferente. E o RankBrain faz isso tudo sem interferência humana. Impressionante não é?
Porque criaram o RankBrain?
Com finalidade de entender melhor o propósito do Ranbrain acho importante entender os problemas que o algoritmo do Google enfrenta e tenta resolver:
- Gerenciamento de pesquisas complexas: Todo os dias o Google lida com longas e complexas novas pesquisas (15% de todas pesquisas) que nunca foram vistas antes. Na falta de histórico prévio para lidar com essas novas buscas, o Google precisa de uma maneira de relacioná-los com pesquisas anteriores para entregar resultados mais precisos.
- Gerenciamento de ambiguidade: Buscas envolvem uma série de palavras-chaves ambíguas que podem significar qualquer coisa com base em contextos diferentes. Tendo uma Inteligência Articial que “auto-aprende” para processar histórico de buscas permite ao Google supor qual significado de uma palavra-chave mais efetivamente.
- Melhorar a exatidão: Partindo da correspondência de palavras chaves para a compreensão do contexto, permite mais precisão na manipulação de variáveis da mesma palavra-chave (singular versus plural, abreviações, erros de ortografia, etc.).
Ao compreender as principais preocupações que o RankBrain está tentando resolver, podemos descartar as especulações mais bizarras do que esse sistema de inteligência artificial faz.
Como RankBrain funciona?
Talvez você esteja se perguntando onde é que o RankBrain se encaixa no grande esquema do Google. É um algoritmo de classificação/rankeamento? Sera que penaliza resultados maus ou algo assim? Não que eu saiba. Essa ilustração acima foi elaborada por Damiam Fanish em um excelente artigo no Quora, que ajuda entender visualmente como funciona o RankBrain.
Como mencionado anteriormente, o RankBrain refina consultas de pesquisa e filtra os resultados da pesquisa. Os resultados filtrados são então classificados pelo algoritmo de rankeamento do Google, como de costume e, em seguida, apresenta aos usuários como uma página de resultados de pesquisas. Como você pode ver, o RankBrain não substitui os algoritmos existentes mas ajuda alimentar eles com pesquisas melhores filtradas previamente.
Como o RankBrain vai nos afetar?
Para as pessoas que trabalham com SEO e marketing online, a resposta é surpreendentemente, quase nada! Pense nisso como um esforço de otimização do Google para melhorar o seu processamento de buscas. Dito isso, existem ainda algumas coisas que o RankBrain nos beneficia:
- Maior tolerância com palavras-chave de long-tail (cauda longa): Anteriormente, os usuários precisavam “brincar” com as palavras-chave que eles usavam em pesquisas, a fim de obter os resultados corretos. Ao processar longas, pesquisas complexas, o RankBrain permite aos usuários digitar comandos de uma forma mais natural.
- Apoio à plataforma de busca por voz: Falando sobre consultas de uma forma natural, não podemos deixar de falar sobre a pesquisa por voz. Tecnologias de pesquisa de voz como o Siri, o Google Now e Cortana estão encontrando cada vez mais e mais uso. Intencionalmente ou não, o RankBrain desempenha um papel vital em ajudar assistentes de pesquisa de voz retornar um resultado mais preciso nas pesquisas de voz.
- Menos ênfase às palavras-chave de cauda longa: Aqui está um item que tornam as coisas mais fáceis para os profissionais de marketing online. Agora que sabemos que o RankBrain lida com consultas longas e quebrá elas em termos mais comumente utilizados, não temos mais para enfatizar muito na otimização de palavras-chave de cauda longa.
- Uso de palavras-chave mais flexíveis: Isto também abre mais espaço para a flexibilidade no uso de palavras-chave. Em vez de repetir exatamente as mesmas palavras-chaves que correspondam, nós estamos livres para usar mais palavras-chave de indexação semântica latente (da sigla em inglês LSI), sinónimos e/ou termos alternativos de melhor leitura.
O RankBrain irá matar o SEO?
Como de costume, o Google sempre lança novos algoritmos ou atualizações, é inevitável que algumas pessoas clamem mais uma vez que SEO está morto. Não importa que, desta vez trata-se de um super sistema de inteligência artificial que vai dominar o mundo. A resposta, claro, ele não vai. RankBrain pode mudar um pouco na forma como podemos fazer pesquisas de palavras-chave e aplicá-las nos conteúdos mas isso basicamente é tudo o que ele faz.
Em outras palavras, o SEO se tornará ainda mais sofisticado e nós temos que confiar muito mais na qualidade do conteúdo e não apenas no SEO técnico. Referindo-se à coisas como web semântica, palavras-chave LSI (sigla em inglês) e legibilidade do conteúdo, irão se tornar mais importantes do que nunca. A concorrência vai se tornar ainda mais dificil já que apenas SEO básico não vai mais resolver o problema.
Qual é o futuro do RankBrain?
E como de costume, nada é definitivo, especialmente em indústrias de rápida evolução como SEO. Colocando em termos simples, por agora, a utilização do RankBrain é mínima. No futuro, é muito provável que o RankBrain seja usado em uma aplicação mais ampla do que apenas interpretar pesquisas de consultas. Caso a IA se torne avançada o suficiente para realmente compreender todo o conteúdo on-line, então ele vai ser um enorme avanço na indústria de busca online. Tão grande que pode fazer muito mais coisas técnicas e consequentement tornar tags e metadados obsoletos.
Para concluir, eu gostaria de deixar claro que a maioria das informações neste post foram adquiridas depois de analisar os anúncios oficiais do Google, uma patente que está relacionada com o RankBrain e o que outros especialistas pensam sobre ele (ver links no final desse post). Levando-se em conta o pouco que foi declarado oficialmente pelo Google e remendando os pedaços do quebra-cabeça, eu preciso enfatizar que as minhas especulações podem não ser totalmente precisas. Entretanto, caso mais informações se tornem disponíveis vou atualizar este post para refletir as novas descobertas feitas. Qual sua opinião sobre o RankBrain? Ama? Odeia? Ignora? Deixe o seu comentário. Obrigado.
Mais artigos sobre o Google RankBrain:
RankBrain: A Primer on Google’s Artificial Intelligence Technology
FAQ: All about the Google RankBrain algorithm
How to get the most from RankBrain, Google’s new ranking robot
Google Turning Its Lucrative Web Search Over to AI Machines
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Muito boa a matéria! Obrigado por compartilhar, esse avanço da Inteligencia artificial nos mecanismos de busca eh um conteúdo muito dinâmico e inovador! VALEU!